Gostava...

Gostava… gostava que as coisas fossem diferentes.

Sei lá, que a Terra rodasse no sentido horário, que a gravidade nos puxasse para a camada de ozono, que os pássaros miassem e os gatos ladrassem.

Gostava, assim na loucura, que existisse paz no mundo, que as pessoas não fossem más nem mesquinhas, que se pudessem aceitar umas às outras sem críticas constantes, sem juízos de valor, sem intrigas.

Gostava que fosse fácil elogiar e dar valor ao trabalho dos outros, gostava que os outros valorizassem o nosso esforço e apreciassem as nossas conquistas.

Gostava que fosse fácil gostar de nós próprios, que nos amássemos do jeito que somos em vez de ansiar por algo que nunca nos fará feliz nem completos.

E já agora, gostava que houvesse justiça, que as pessoas boas fossem recompensadas com o bem e que as más colhessem o mal que plantam.

Gostava que não houvesse tanto sofrimento, que as pessoas não caíssem tanto durante as escaladas nem se atropelassem umas às outras durante as quedas.

Também gostava que não existissem prazos, que pudéssemos aproveitar a vida sem planos. Gostava que tudo o que nasce não tivesse de morrer.

Enfim… gostava que as coisas fossem diferentes.